segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Eco

Minutos antes, curvado para a frente. Um enfermeiro fala-me de um espasmo muscular. Dá-me um calmante.

Minutos depois, sentado no sala de espera coberta de frio. A cabeça pesada pende do pescoço, segura pelas mãos enterradas no cabelo. Sinto a dor irradiar-se pelas costas. Sinto apertar-se o nó na garganta.

Nesse mesmo instante, erguendo os olhos. Vejo a Elsa e o Tozé irromperem pela sala e pelo frio, de passo firme e veloz. Levanto a cabeça para encontrá-los. Endireito o tronco e as costas e o pescoço.

Tento disfarçar o medo, turgindo os meus lábios com um sorriso. Tento disfarçar o sorriso que deveras lhe segue
e desata agora o nó na garganta
e logo se desfaz nos meus lábios, que voltam a secar.
"Vai tudo correr bem", tento dizer-lhes, sem me conseguir ouvir.

Agora, de olhos erguidos. Só oiço o eco dos seus lábios.