sábado, 13 de junho de 2009

Cinco, dez, quinze. Vinte, vinte e cinco, trinta.

Entreguei ao mar- o sal de um pouco menos que meia vida corrida -à-tona de água.
Quando uma onda me trouxe de volta, de camisola branca e calções verdes colados ao corpo, senti o ardor do sangue áspero que me escorria pelas pernas abaixo. O mar tinha finalmente lavado o sabor doce dos lábios e a barba vermelha vertia os primeiros pingos de ferrugem. As gotas grossas misturaram-se com o sal e com o sangue, deixando um rasto de pétalas de amor* sobre a areia.
Contei os passos até ao cais. Cinco, dez, quinze, vinte, vinte e cinco, trinta.

*Pedi as "pétalas de amor" emprestadas a Vinícius de Moraes. Espero que não se importe.