quarta-feira, 6 de julho de 2005

Um 5 de Julho qualquer, Parte 5 - Táxi

!Aviso: O conteúdo deste post é susceptível de ferir as sensibilidades menos preparadas!

Não hajam dúvidas, os taxistas não são a voz do povo. Se forem a voz de qualquer coisa é do que de mais canceroso o povo tem.
Ontem, atrasado de mais, tive que apanhar um táxi para ir à TSF entregar o material, o currículo e outras coisas.
A conversa começou de maneira insuspeita: o tempo... está um calor que não se pode, depois deste serviço vou para casa...
E agora perdoem-me, mas não estou com disposição para eufemizar o discurso directo:
Vou para casa ver um filme do Frota e bater uma punheta antes que chegue a patroa.
Escuso de falar do meu complexo histérico outra vez. A verdade é que só me apetecia rebentar.
Entre o novo ar condicionado móvel que tinha custado 400 euros mas que se podia pôr no canto da sala encontado à parede, lá continuava.
Estas obras nos Terreiro do Paço, realmente... Antigamente, quando se passava aqui no Cais das Colunas até se podia ver a cona às estrangeira! É verdade! Agora com estas obras...
Uma vez passei aqui, estava uma senhora no carro, e eu inclinei a cara para o passeio onde estava uma bifa sentada e disse: "
Já reparou senhora, esta gaja não tem calcinhas!"
Podia ser que o meu silêncio o fizesse parar... não fez.
A primeira gaja que comi era uma puta. No meu tempo - e isto foi em 1955, há 49 anos portanto - só custava dois e quinhentos. Eu tinha 14 anos e era muito envergonhado (ninguém diria) e fui ter com ela e segui-a até que ela me perguntou:
"O que é que queres?
Quero ir contigo...
Queres ir comigo onde?
Quero ir contigo...
Queres ir comigo?
Quanto é que levas?
Depois ele enunciou os preços de algumas coisas que não percebi bem o que eram, ou porque as chamou com nomes que já não se usam ou porque não estou muito dentro do slang da prostituição.
Só percebi bem uma coisa:
"Ir à cona são dois e quinhentos."
Porra! Paguei logo.
Epá, aquilo não deu para nada. Dei-lhe duas bombadas e vim-me logo... e dois e quinhentos naquela altura era dinheiro...
Mas o que me impressionou na gaja era que não tinha pintelheira. E eu perguntei:
"Houve lá. Mas tu não tens pêlos... no sexo?
Não, rapei-os."
E eu não percebi o que ela queria dizer. Uns dias depois fui ter com o meu irmão, que era mais velho que eu, Deus o tenha, e perguntei-lhe.
"As gajas não têm pintelheira?

Têm."
E ele levou-me a uma antiga casa de putas ali no Martim Moniz, que agora já não existe (e falava com a mesma nostalgia com que se fala do pregão da varina que já não volta mais). Eu não podia entrar porque só tinha 14 anos e não era permitido, mas o meu irmão foi lá dentro e arranjou-me uma que ele já devia conhecer, e que tinha uma pintelheira tão grande que nem se via a cona.
E foi assim que fiquei a saber que as gajas também têm pintelhos.
Mais silêncio da minha parte.
Um dia destes estava com a minha patroa e a minha filha que estava a dar banho à menina, a minha neta, que só tem um aninho. E quando a minha filha lhe estava a pôr o pó de talco reparei que a pequena não tinha grelo. Fui logo perguntar à minha patroa:
"Então a miuda não tem aqueles lábios... no sexo?
Claro que não, então ainda não está formada."
E foi assim que descobri que as miudas pequenas, para além de não terem pintelhos, também não têm o grelo. Pronto, só têm aqueles lábios grandes, mas aquela parte assim mais pequenininha (e fazia gestos com a mão, como se lhes tocasse), essa parte não têm.
Estávamos a chegar à rotunda antes da Matinha, com aquela estátua ao 25 de Abril, quando ele me diz para rematar.
Hoje em dia é que vocês têm sorte. Fodem para aí a torto e a direito. No meu tempo, se fodêssemos uma gaja tínhamos que casar.
A não ser que fosse puta. Aquela puta sem pintelhos, fodia-a tantas vezes...
Mas o meu filho é com qualquer gaja e não interessa. As gajas ligam-lhe a toda a hora, mas ele também é um rapaz bonito.
Quando fui eu, olha... fodi a minha patroa e depois tive que casar com ela.

Por estranho que pareça, nesse momento e só nesse, até o invejei.

Carlos Miguel Maia