terça-feira, 5 de julho de 2005

Um 5 de Julho qualquer, Parte 2 - Bússola

Hoje perdi-me. A imagem de uma bússola sem estrela polar não me abandonou a cabeça. Se ela se sente perdida como uma bússola que ficou sem o norte, quão perdido se sentirá o norte sem a bússola? Substancialmente perdido.

O único propósito de fosse o que fosse que eu fizesse com alento passava por estar com ela, por fazê-la feliz, por saber que ela me esperava e que ficaria com ela a meu lado, sempre.
Dedicarmos uma felicidade a uma outra pessoa humana é um risco tremendo. Desde que estou com ela sabia que perderia a substância do meu motivo se ela não estivesse à altura do desafio de amar alguém. Esse risco vale a pena, asseguro-vos, porque quando as coisas correm bem, até chegamos a perceber que de nada mais serve a existência das pessoas no universo.
Pois, mas sem ela... Sem ela não existe nada que eu queira fazer... conseguem imaginá-lo? Uma pessoa para quem não exista nada que se faça por gosto...
Perdido dela, perdi a única coisa a que chamo casa. É por isso que a viagem que se avizinha é tão importante e tão desmandada. Partirei deste sítio em que não me reconheço - e digo-o porque nem sequer me reconheço como lusofono ou português - e vou até ela. Depois ela partirá e deixar-me-á à deriva, em busca de uma casa que não tenho, sem um bilhete de regresso marcado para lado nenhum.
Não sei o que farei, mas imagino que andarei... quem sabe mesmo muito.

Carlos Miguel Maia